domingo, 24 de junho de 2012

Denúncias de casos de violência contra mulher aumentam em MG

Ludmila Perfeito disse que maioria dos casos são por questões emocionais 
                                                (Foto: Felipe Santos/G1)

Decisão de prender o suspeito independente da representação contribui.
Principal causa das agressões são as questões emocionais, diz polícia.
O número de flagrantes e medidas protetivas em casos que se enquadram na Lei Maria da Penha aumentaram em 2012 em Uberaba e Uberlândia, segundo números da Polícia Civil. Uma das justificativas desse crescimento foi uma decisão do Superior Tribunal Federal (STF), em fevereiro deste ano, que consiste na prisão do suspeito independente de a vítima representar contra ele. Outro motivo, ainda de acordo com a Polícia Civil, é a efetividade da lei, seja com a prisão dos autores ou com a aplicação de medidas cautelares. Ainda segundo a polícia, entre as principais causas das agressões estão as questões emocionais, como não aceitar o fim do relacionamento, seguido pelo uso de bebida alcoólica, que em Uberlândia representam 80% dos casos.
De janeiro a maio deste ano em Uberlândia, foram feitos 148 flagrantes da Lei Maria da Penha na delegacia de plantão. Além de 143 registros feitos na Delegacia Adjunta da Mulher do município, quando as mulheres vão à unidade para representar contra os maridos. Em 2011, a Polícia Civil registrou 40 casos à menos de flagrantes nos primeiros cinco meses do ano. Em 2012, estão tramitando na delegacia das mulheres em Uberlândia 872 casos, sendo que 261 foram relatados à Justiça.
No mesmo período em Uberaba, a Delegacia de Orientação e Proteção à Família encaminhou à Justiça 245 casos. Segundo a Polícia Civil, os números de ocorrências podem ser ainda maiores, pois nem todas as vítimas registram boletim de ocorrência ou pedem providências sobre o caso, como medidas protetivas que, em 2012, foram 184 pedidos, contra 143 no ano passado.
                Flagrante é lavrado mesmo que a vítima não oregistre, diz Juliana 
                                            (Foto: Felipe Santos/G1)                                                                       
As delegadas titulares das unidades em Uberlândia e Uberaba, Juliana Santos Machado Acipreste e Ludmila Perfeito, respectivamente, concordam que a decisão do STF, de 9 de fevereiro deste ano, ajudou no aumento dos números. "Todos os casos que antes iam para a delegacia e a vítima falava não tinha interesse de representar não tinham os flagrantes feitos. Com a mudança da lei, mesmo se a vítima não manifestar o interesse é lavrado o flagrante", explicou Juliana.
A delegada de Uberlândia disse que a decisão refletiu automaticamente no número de inquéritos. Segundo ela, os processos aumentaram na proporção que cresceram os flagrantes na delegacia de plantão. "Quando é flagrante, temos dez dias para relatar e faz com que os outros inquéritos que são feitos na delegacia fiquem mais demorados. Estamos com quase mil procedimentos e damos prioridade para os flagrantes por conta do prazo", salientou.
Álcool e casos emocionais são mais frequentes 
A delegada Ludmila afirmou que a maior parte dos casos de violência contra a mulher em Uberaba se deve a questões emocionais. Ela explicou que homens que não aceitam o fim do relacionamento e ciúme são motivos para agressões. Em segundo lugar aparecem as drogas e o uso excessivo de bebida alcoólica. "Esses casos, inclusive, costumam ocorrer muito no fim de semana quando o pessoal geralmente abusa do álcool e das drogas", revelou.
Em Uberlândia, segundo Juliana, 80% dos casos que chegam à delegacia os autores estão sob efeito do álcool ou de droga. "A grande parte dos agressores chegam à unidade apresentando, na maioria das vezes, sinais de embriaguez. Além disso, as brigas são ocasionadas por motivos fúteis", acrescentou.

Relato de violência
Muitos são os casos de mulheres que sofrem agressões dentro de casa. Por medo ou vergonha, muitas delas costumam não querer comentar sobre o assunto. No entanto, uma aposentada de 50 anos, que preferiu não se identificar, aceitou falar com a reportagem do G1 e contar os problemas que passou com o marido.
A vítima afirmou que o marido era alcoólatra e ela não sabia desse "lado ruim". Além disso, a aposentada afirmou que o marido era violento e desde que ela se casou com ele enfrentrou problemas dentro de casa. "Em um mês ele passou a me espancar. A gente sempre pensava que ele ia melhorar, mas a coisa só piorou", relembrou a vítima.
Quando a aposentada resolveu se separar do companheiro violento, ela descobriu que estava grávida. "Resolvi dar mais uma oportunidade a ele pensando que melhoraria com a chegada da criança. No entanto, ele piorou depois que ela nasceu. Não me dava paz nem para trabalhar", afirmou a mulher. A aposentada relembrou também que voltou a morar com o marido quando a filha do casal tinha seis anos, pois ele tinha parado de beber, mas um ano depois as agressões voltaram junto com o consumo de bebida dele.
A vítima disse que chegou a procurar a delegacia da Polícia Civil por duas vezes, mas não resolveu o problema dela já que o procedimento, segundo ela, era demorado. "Eu me sentia acuada, e procurava não colocar a família no meio. Nunca os deixei envolver nas discussões, embora todos soubessem. Foram muitos anos de luta", concluiu.
Exposição na mídia ajuda 
Acipreste afirmou que quanto mais os casos de proteção à mulher aparecem na mídia, mais aumentam os números de denúncias. "As mulheres ficam mais conscientes dos direitos sabendo da lei e se encorajam para fazer a denúncia. A partir do momento que a mídia explora o assunto, as vítimas ficam mais cientes e mais encorajadas. Muitas procuram falando que querem aquela medida que o agressor não pode chegar em casa. Nem sabem o nome, mas sabem que é o direito delas", revelou.

Fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2012/06/denuncias-de-casos-de-violencia-contra-mulher-aumentam-em-mg.html

3 comentários:

  1. Penso que a que se ter também um cuidado com o emocional dos homens que não estão preparados para serem deixados, como ocorre em nossos dias.
    A mulher esta melhor preparada para uma separação, já o homem não. Por isso reage com violencia.

    ResponderExcluir
  2. Passei pra deixar um beijo e desejar uma semana maravilhosa e cheia de realizações.

    Ani


    http://cristalssp.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Olá, Ricardo
    Que bom ter Blog que denuncie e todos os MCS...
    Em defesa de um mundo de Paz...
    DEUS te cubra de bênçãos e te faça feliz!!!
    Abraços fraternos de paz

    ResponderExcluir